JB Xavier

Uma viagem ao mundo mágico das artes!  A journey into the magical world of  the arts!

Textos

fakeFCKRemove
- Leia todos os ensaios do autor, clicando no link abaixo.
Read all JB Xavier's analysis. Click HERE.
 
- Assista a todos os vídeos do autor no YOUTUBE, clicando no link abaixo 
Click to watch all JB Xavier's works on YOUTUBE:
 
- Adquira o livro de contos "Caminhos" de JB Xavier, clicando no link abaixo.
Purchase JB Xavier's short stories book "Paths". Clik HERE.
______________________________
fakeFCKRemove
UMA QUESTÃO DE PRINCÍPIOS
JB Xavier

Há algumas semanas, eu percebi um amigo triste. Percebi que não era uma tristeza comum, passageira, motivada pelos tantos problemas que todos temos cotidianamente. Senti que o afligia uma tristeza mais intensa que as tristezas comuns. Eu não saberia dizer exatamente o que em seu aspecto ou expressão delatava sua tristeza, mas uma das coisas que chamou minha tenção era uma espécie de prostração que se abatera sobre ele. Uma espécie de ausência de vitalidade que derrubava seus ombros e tornava seu olhar sombrio.

Eu, que sempre tive neste amigo um exemplo de vitalidade e bom humor, fiquei surpreso e preocupado por vê-lo assim, mas considerei que não tinha o direito de me intrometer em sua vida, ainda que, de alguma forma eu desejasse ajudá-lo.

Esse meu amigo trabalha para um de seus tios, ocupando o cargo de gerente operacional na empresa dele.

Até onde minha memória consegue alcançar, meu amigo sempre admirou seu tio em tudo o que ele realizou. Seu empreendedorismo, seu envolvimento com o trabalho e principalmente sua honestidade. Mas havia algo que ele não admirava no tio: Sua má educação. Seu tio era um déspota; o tipo de empresário que exercia autoridade arbitrária e absoluta; uma pessoa que abusava de sua autoridade e maltratava todos os empregados, cometendo muitos excessos e injustiças, inclusive contra seu sobrinho. Numa palavra: Um tirano.

Mas, como meu amigo trabalhava para ele há muitos anos, sempre dava um jeito de explicar o mau comportamento do tio, geralmente usando a proverbial honestidade dele como desculpa, de maneira que ia administrando a situação dos maus tratos e muitas injustiças sofridas.

Porém, a partir de um determinado momento, seu tio passou a atrasar os pagamentos de seus fornecedores e mesmo os salários de seus empregados, dizendo que a saída de um sócio do negócio havia descapitalizado a empresa. Todos acreditaram nisso, bem como na promessa de que as coisas voltariam à normalidade em breve.

Foi justamente no auge do nervosismo, quando seu tio já devia uma quantia substancial e preocupante na praça que percebi a tristeza de meu amigo.

Obviamente, entre minhas conjecturas, atribuí sua tristeza ao estado de dilapidação do bom nome de que desfrutava a empresa até então, bem como pela insegurança causada por uma possível quebra e o conseqüente desemprego.

Certo dia não me contive diante do ar sorumbático de meu amigo e lhe perguntei o que o afligia, e se havia algo que eu pudesse fazer para ajudá-lo.

Ele sorriu um riso desanimado e respondeu relutantemente que estava triste porque se decepcionara seriamente com seu tio. Resumindo: Meu amigo descobrira que seu tio estava comprando uma casa no valor de 1,5 milhões de dólares, uma mansão à beira mar, no Litoral Norte de São Paulo, uma região valorizadíssima no Estado. Segundo meu amigo descobrira isso por mero acaso, e que seu tio mantinha a compra em segredo, e em nome de um parente, para não despertar a ira dos credores e funcionários. Numa palavra: Ele certamente iria dar um golpe no mercado falindo a empresa sem pagar o que devia. Estava agindo de má fé e isso meu amigo não perdoava.

O restante do desabafo do meu amigo foi pautado na constatação de que o mundo era um lugar que se tornava pior a cada dia, porque, afinal, raciocinava ele, os maus, ao contrário do que se acredita, acabam se dando bem, e os o bons acabam se dando mal. Seu tio era exemplo disso. Foi honesto a vida toda, até sucumbir ao tilintar do dinheiro desonesto.

O que me preocupou em meu amigo, foi a leve trinca que pude perceber em sua fé na honestidade e nos bons princípios. Tal como o pintor Basílio, de O Retrato de Dorian Grey, genial criação de Oscar Wilde, ele estava prestes a entregar a alma ao diabo, em troca das benesses mundanas. Isto foi mais que suficiente para que eu decidisse interferir em suas idéias, na tentativa de desviá-lo da perigosa estrada que estava tomando.

Mas, a princípio não havia como contradizê-lo. Ele tem razão. Em parte! Desde que o mundo é mundo sempre os poderosos, os inescrupulosos, os desonestos, uma vez possuindo o poder que o dinheiro fornece, desprezam a humanidade e acabam se dando bem.

E isso não é de hoje. Vejam o que disse o grande Rui Barbosa, no senado federal já no século XlX:

“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.

Entretanto isso nunca fez desaparecer os honestos e os virtuosos! A respeito disso lembro-me de uma passagem atribuída a Madre Thereza de Calcutá: Dizem que certa vez estava ela a fazer um curativo numa perna cancerosa e gangrenada de um paciente, quando se aproximou um político de uma comitiva que visitava o hospital. O homem, ao sentir o odor nauseabundo que emanava da ferida, disse: “Por dinheiro nenhum no mundo eu faria uma coisa dessas”. Ao que Madre Thereza respondeu: “Nem eu”.

Então, a intenção deste artigo é reforçar nos honestos o senso de honestidade, porque hora há de chegar para cada um de nós, que nossas muralhas vacilarão, que o cansaço parecerá unsuperável, que nossa boa fé oscilará como junco ao vento, que nosso senso de justiça gritará e não encontrará eco, que o desânimo se abaterá sobre nós, por tanto vermos os maus se dando bem.

Este é um momento perigoso de nossas vidas onde todos aqueles conselhos dados por nossos pais lá em nossa tenra infância terão ou não valido a pena. É o momento onde definimos quem somos, e pelo que desejamos ser lembrados. É o momento em que nosso senso de humanidade e eternidade será posto à prova, e seremos convidados a escolher entre dois extremos: A iniqüidade e a virtude.

Este é o momento em que mil promessas de felicidade fácil nos serão oferecidas pelos “amigos” que, como disse Darth Vader, se deixaram arrastar pelo “lado negro da força”.

Mas é também o momento de colocarmos a última pedra que faltava no alicerce da construção de nós próprios. Aquela pedra que estabilizará de uma vez por todas a torre de nossas escolhas pessoais pelo humanismo e pela virtude. É o momento do teste definitivo, da definição de vida pelo “ser”, não pelo “ter”.

E daí, se não tivemos tudo o que desejamos? Pouco importa o que quanto se tem. Sempre se sentirá pobre aquele que deseja mais do que conseguiu.

Passo a pena para Rui Barbosa, que sabe muito mais que eu:
“Maior que a tristeza de não haver vencido é a vergonha de não ter lutado”.
“ Embora acabe eu, a minha fé não acabará; porque é a fé na verdade, que se libra acima dos interesses caducos, a fé invencível.”
“A mesma natureza humana, propensa sempre a cativar os subservientes, nos ensina a defender-nos contra os ambiciosos.”

Então eu disse para meu amigo:

“Alegre-se! Você está diante da oportunidade única de optar pelo lugar onde irá habitar pelo resto de sua vida: O céu ou o inferno.

Você está diante do momento de provar que princípios só são princípios se forem mantidos, mesmo sendo inconvenientes.

Você está diante do momento do nascimento de sua verdadeira natureza.

Sabemos que no Brasil os corruptos proliferam desde o Descobrimento, mas como disse  Elisa Lucinda pela voz de Ana Carolina "Não dá para mudar o início, mas se começarmos agora, dá para mudar o final".  Clique
AQUI e assista ao vídeo.   

* * *  

A MATTER OF PRINCIPLE
JB Xavier


A few weeks ago, I perceived a sad friend. I realized that it was not a common sorrow, passing, driven by so many problems that we all have everyday. I felt a sadness that afflicted more intense than the common sorrow. I could not tell exactly what its appearance or expression betrayed his sadness, but one of the things that caught my attention was a sort of lethargy that had befallen him. A sort of lack of vitality who threw their shoulders and made her look dark.

I've always had this friend is an example of vitality and cheerful mood, I was surprised and concerned to see him like that, but I felt that I had no right to intrude on his life, though, somehow I wanted to help him.

My friend works for one of his uncles in the position of operations manager in his company.

As far as my memory can reach, my friend always admired his uncle in everything he did. His entrepreneurship, his involvement with the work and especially his honesty. But there was something he didn’t admire about his uncle: His bad manners. His uncle was a despot, the kind of businessman who exercised absolute and arbitrary authority, a person who abused their authority and abused all employees, committing many excesses and injustices, including against his nephew. In a word: A tyrant.

However, as my friend worked for him for many years, always found a way to explain for himself the bad behavior of his uncle, usually using the proverbial honesty of him as an excuse, so he kept managing the situation of abuse and injustices.

But, from a certain point, his uncle began to delay payments to suppliers and even the salaries of his employees, saying that the output of a business partner had decapitalized the company. Everyone believed him, as well as the promise that things would return to normal soon.

It was just when his uncles’s financial situation made worse that I perceived the sadness of my friend.

Obviously, according my conjecture, I imputed the sorrow of my friend to dilapidation of the good reputation of the company until then, as well as the insecurity caused by a possible break down and consequent unemployment.

One day I can not restrain myself before the moody air of my friend and asked him what ailed him, and if there was anything I could do to help.

He smiled a smile down and reluctantly answer that he was seriously sad because he feels disappointed with his uncle. In short: My friend discovered that his uncle was buying a house worth 1.5 million dollars, a mansion by the sea on the northern coast of São Paulo, a region too much valorized. According to my friend he discovered it by pure accident. He also discovered his uncle kept secret about purchase, and on behalf of a relative, not to arouse the ire of creditors and employees. In a word: He would certainly bankrupt the company without paying its debts. He was acting in bad faith and that my friend did not forgive.

The rest of the laments of my friend was guided by the realization that the world was a place that was becoming worse every day because, after all, he reasoned, the evil, contrary to popular belief, always win, and the Good usually loose. His uncle was a case in point. He was honest all his life, until succumbing to the tinkling of dishonest money.

What concerned me in my friend, was that I could see slight crack in his faith in the honesty and good principles. Like Basil, the painter of the Oscar Wilde’s  The Picture of Dorian Gray , he was about to give his soul to the devil in exchange for worldly blessings. This was more than enough for me to decide to interfere with their ideas, in an attempt to divert him from the dangerous road that he was taking.

But at first there was no way contradict him. He's right. In part, of course! Since the world began when the powerful, unscrupulous, dishonest, since possessing the power that money provides, despise humanity and end up doing well.

It always be like taht. Look what said the great Rui Barbosa, in the federal senate as early as the nineteenth century:

"F
rom to see the triumph of nullity, to see both prosper dishonor, to see to grow the injustice, to see the looming power in the hands of evil men, a man comes to despair of virtue, to laugh of honor and comes ashamed to be honest."

However it never removed the honest and virtuous! In this regard I am reminded of a case attributed to Mother Theresa of Calcutta: Once said that she was doing a curative in a gangrenous leg of a cancer patient, when a politician from a delegation that visited the hospital approached. The man, feeling the nauseating odor emanating from the wound, said: "By no amount of money I would do such a thing like this." At that Mother Theresa said, "Nor I."

Certainly it shall come for us a moment where our walls will falter, our fatigue seems  
insurmountable, that our good faith oscillate like a reed in the wind, that our sense for justice will cry without echo, that discouragement will befall us, both see the evil of doing well.

This is a dangerous moment in our lives where all those advice given by our parents out in our early childhood will have been worthwhile or not. It is the moment where we define who we are and how we want to be remembered. It is time that our sense of humanity and eternity will be tested, and we’ll be asked to choose between two extremes: The wickedness and virtue.

This is the moment that a thousand promises of easy happiness will be offered by the "friends" who, as Darth Vader said, left to drag themselves by " the dark side of force."

But, in other hands, it is also the time to put the last stone that was missing in the foundation of the building of ourselves. The stone that will stabilize for ever  the tower of our personal choices.
It's the ultimate test of time, by the definition of life.
So what if we did not have everything we want? Never mind about what you have. Always feel poor who want more than it got.

Listen to Rui Barbosa, who knows much more than I:


 "Bigger than the sadness of not having defeated is the shame of not having fought."


"While I finish, my faith will not go away, because the true faith is invincible."

 
So I said to my friend:

"Rejoice! You are before the opportunity to choose the place where you will live the rest of your life: Heaven or Hell.

You are facing the time to prove that principles are only principles if they are maintained, even when inconvenient.

You are facing the moment of birth of their true nature.

 
* * *


JB Xavier
Enviado por JB Xavier em 14/02/2011
Alterado em 15/02/2011


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras